Minha Família
Meu amado esposo Carmo, meus filhos queridos Betyna e Bruno.
Texto escrito nesta semana por mim:
Do “Caminho Suave” como também o “Garoto Tevê” até o “Pacto pela
Educação”
Nestes 40 anos de história de escola, vividos por mim, na escola pública
posso afirmar que muito se modificou, os paradigmas, os estudos, as teorias,
mas uma coisa continua fundamental e explicito neste processo todo de
alfabetização que as crianças passam: o ato mágico de aprender, com um
encantamento na descoberta das letras. Eu há 40 anos estava sendo alfabetizada
com o livro “Garoto Tevê”. Para mim tudo era mágico, do livro, lembro-me de
cada palavrinha com sua gravura em cada página que apresentava cada letra do
alfabeto. Mais tarde entendi um pouco do porque gostava daquele livro, é porque
na capa tinha um garoto e uma televisão. Naquela época na minha casa não tinha
televisão, nem luz elétrica, então o interesse e a curiosidade aumentava.
Hoje compreendo que os métodos desses livros não são os mais adequados, e
que nem todos aprendiam, no mesmo ritmo, nem no mesmo período. Mas sei que a
preocupação da escola era e continua sendo sempre a mesma, a aprendizagem do
aluno. Teve épocas mais intensivas de formação, teve períodos de provinhas para
diagnosticar o índice de reprovação. Veio o Construtivismo. O FNDE injetando
valores monetários pras escolas com menor índice, no IDEB. Teve também
professores com prêmios, conforme o número de alunos alfabetizados. Tanto
Municípios como o Estado adotando programas, muitas vezes com sucesso ou não
para que os objetivos fossem atingidos. Veio a Preparação para o trabalho, o
ensino profissionalizante, o ensino médio, o ensino fundamental de nove anos, e
o ensino médio Politécnico.
Mudaram também as leis, veio à inclusão, Uma Escola para Todos!
Percebi que passa os anos, as décadas, os governos e o único que
permanece ali em constante busca de atualização é a figura do professor, com preocupação
diária e buscando forças para encantar, entusiasmar esse educando a aprender.
O professor permanece sempre na luta mediando o aluno que busca a
aprendizagem.
E o desejo de todo educador é de que o educando alcance o sucesso na sua
vida, como um cidadão do bem, com uma vida digna e feliz. Muitas vezes, esse
profissional de educação não é compreendido por seus alunos, pois a motivação,
muitas vezes não está no que o professor ensina, mas no que está mais acessível
no mundo lá fora, na sociedade de hoje, nos artifícios mais fáceis de ganhar a
vida. Em outras situações o aluno tem seus problemas, suas dificuldades que
atrapalham o aprendizado, e o professor continua lá enfatizando a importância
do estudo.
Para muitos, a escola é o primeiro e talvez o único espaço de orientações
de valores humanitários, mas eles só perceberão disso mais tarde, ou talvez
tarde demais.
A importância da escola na vida de uma criança, principalmente em bairros
mais carentes, locais mais afastados dos grandes centros é de primordial
importância.
Numa das escolas que trabalho há oito anos, a escola é o único espaço de
referência do lazer, da saúde, da cultura daqueles moradores. Tudo acontece na
escola.
O envolvimento e o comprometimento daqueles profissionais que lá atuam
são de significativa relevância. Soubemos que só o que temos a oferecer será de
real e significativa aprendizagem, o que está girando em volta e atraindo os
jovens, não traz, muitas vezes, beneficio nenhum para cada individuo que lá
mora. È lá que se trabalha a questão da sexualidade, as vacinas, a saúde, os
projetos sociais, o transito, o meio ambiente, com parcerias do bairro e do
município.
O aluno de lá não se encanta mais
com o livro “garoto tevê”, mas se encanta com os filmes, outros livros mais
coloridos em 3D, que hoje temos na biblioteca. Encanta-se com as músicas e as
poesias que as professoras trazem as histórias em quadrinhos, as aulas de
informática, viagens de estudo. A
criança, o jovem desenvolve-se com as atividades de teatro, capoeira,
percussão, atividades físicas, que a escola está oferecendo no seu dia-a-dia,
proporcionando das mais variadas oficinas para que esse indivíduo descubra seu
potencial e o seu futuro profissional.
A escola permanece proporcionando, na medida do possível, o melhor espaço
de saber, de busca de conhecimento, com muitos caminhos trilhados e muitas
vezes, não sendo valorizada como deveria numa sociedade com muitos problemas,
desafios diferentes, em várias épocas. Os problemas, as dificuldades mudam, mas
a escola, os profissionais de educação permanecem firmes, se atualizando, com
um único propósito de EDUCAR!
Com a tecnologia, encontrei minha tão amada professora, que me
alfabetizou, fui visita-la, há três anos. Tamanha era a emoção dela e a minha
no reencontro. Nesse instante e em outros que eu como professor há 30 anos
encontro meus alunos já adultos, cidadãos e percebo o porquê estou e porque
outros colegas estão felizes nesta profissão. Este contato humano diário, de carinho,
preocupação, por um período, profissão nenhuma recebe essa gratidão sincera de
cada aluno que valoriza e sabemos que esse não é o nosso pagamento, mas é um
incentivo de continuarmos trilhando nesta caminhada árdua, tão valorosa para
toda a humanidade. Tamanha é alegria de todo professor ao sabermos que ao
reencontrar anos depois o aluno e ele contar que se lembra dos ensinamentos dos
seus professores e que procura seguir feliz na jornada de sua vida profissional
e pessoal.
Nestes 30 anos de magistério tenho o orgulho em dizer que tenho uma filha
formada professora, feliz da já trabalhando. Para completar essa alegria na
revista MÁTRIA, da CNTE, a nível nacional saiu uma reportagem em que mesmo num
país que a educação luta por melhores condições de trabalho e salários ser
professor ainda para muitas pessoas é ter a certeza do desafio que se tem pela
frente. Dentro desta perspectiva apresenta 3 profissionais de educação, de
diversos lugares do Brasil que ainda acreditam que educar é uma profissão importante.
Conta a história, como de outras 2 profissionais, que além de serem filhas de
professaras ainda tem seus filhos na mesma profissão e que amam o que fazem e
fazem por amor. Matéria esta intitulada: “Filha de mestre, professora é!”.
Cópia de partes da matéria da revista Mátria, março\2014: